Laboratório de Biodiversidade ITV-DS
Por Paulo Mendes da Rocha:
“A Amazônia é um endereço mundialmente intrigante. É uma reserva que não se restringe, como tudo que é da natureza, as divisões políticas dos países. A Amazônia é Peru, Venezuela, Bolívia, Brasil e mostra a importância de um novo estado da civilização em relação à consciência sobre seu habitat. A Vale, com a sua abertura para a exploração de recursos naturais, está no âmago dessa contradição entre sustentação, exploração e transformação.
O projeto é servido por uma estrada existente, desfrutando da navegação fluvial e suspenso do chão, apoiado no menor número possível de pontos, dentro de uma estrutura razoável do ponto de vista da economia, configurando uma virtude que, além de preservar o território, suspende também a rede de instalações (tubulações, redes elétricas, redes de comunicação) que se desenvolvem muito bem, livres do solo instável, disponíveis a transformações e adaptações a qualquer momento, sem grandes interferências na construção. É fácil compreender essa posição que o projeto assume de suspensão sobre essa paisagem que se mantém íntegra, principalmente quanto ao regime das águas.
Desde o início desse raciocínio, fica claro que as estruturas suspensas poderiam ser construídas em aço, uma construção que se denomina “a seco”: pode ser transportada pela estrada já em peças claramente configuradas, industrializadas. Essa é uma construção de montagem - portanto, seja qual for a técnica que tenha que ser adotada para os pilares que são poucos, como dissemos, uma vez construídos, a estrutura toda é aérea, executada por um sistema muito interessante de aduelas sucessivas, em que a obra se desenvolve sobre si mesma, como uma espinha dorsal, longitudinal, com acentuada dimensão em relação ao eixo transverso - um edifício linear longo. Essa espinha dorsal feita em aço permite que se monte a partir dela, com gruas e instrumentos vindos pela estrada, ou pelo rio, todo o desenvolvimento do sistema estrutural que é constituído por arcos transversos a cada vinte metros, coberto por uma superfície em arco, curvatura interessante para a questão do sol, da luz, do escoamento e captação das águas pluviais.
A estrutura fica suspenso no ar, como um convés de navio, preparado para receber as transformações esperadas nas instalações desses laboratórios que deverão acompanhar, com a velocidade que vemos tudo acontecer nos tempos presentes, os horizontes das preocupações com a ideia da eterna presença do homem no Universo - genericamente chamada de Sustentabilidade”.
Desde o início desse raciocínio, fica claro que as estruturas suspensas poderiam ser construídas em aço, uma construção que se denomina “a seco”: pode ser transportada pela estrada já em peças claramente configuradas, industrializadas.
Localização
Belém, PA, Brasil
Projeto
2013
Construção
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Área
25.712 m²
Fotos
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